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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

1. Atacada



                  Sob o travesseiro macio e a colcha rosa bebê com estampa de de pequenas flores, era quase fácil demais relaxar e esquecer o que havia acontecido. Mas ainda sim havia algo ali, sussurrando no fundo de minha mente. Por mais que tentasse, não conseguia fazer com que os sussurros se tornassem inteligíveis. Pareciam distantes, como se vindas do interior de uma concha do mar.
                  O galpão da casa de minha avó fora atacado. Da porta só restara lascas de madeira. As paredes estavam enfeitadas com enormes arranhões e marcas de sangue. Uma das árvores atrás do galpão fora derrubada e também estava arranhada. Mas com uma diferença: havia sido carinhosamente entalhado na árvore "MORTE" em letra de forma.
                   Tudo o que eu queria era encontrar o culpado para poder quebrar a cara de seja lá quem fosse. Mas já havíamos revirado cada canto da cidade, sem encontrar absolutamente nada. Seja lá quem fosse o culpado, não era nenhum iniciante. Tinha feito aquilo em total consciência de suas ações. Não foi uma ação precipitada de alguém enlouquecido. Foi uma ação de alguém que havia planejado cada um de seus passos.
                    O que deixava tudo pior. Se o culpado estivesse fora de si, alguns tapas seriam suficientes para trazê-lo de volta a o juízo normal. Quando estivesse de volta a si, se desculparia conosco e tudo ficaria bem. Mas se aquilo foi feito por alguém em seu juízo perfeito, significava que o ataque foi de propósito. Significava que realmente estávamos em perigo.
                 Estiquei o braço para pegar meu celular. Ia ouvir as músicas mais pesadas, até não conseguir pensar em nada e dormir. Liguei na primeira música do reprodutor, A Dangerous Mind, do Within Temptation.
                    Corro por entre as árvores, segurando a barra de um vestido branco. Meu pés descalços devem estar imundos, mas não importa. Olho para trás repetidas vezes, com medo. Alguém está atrás de mim. Correr para a floresta não é a ideia mais inteligente do mundo, mas não importa. Não há possibilidade de eu me perder. Apenas humanos se perdem na floresta. 
              Um pouco do pano escapa por meus dedos, e uso as unhas para segurá-lo melhor. Mas esse desvio de atenção é suficiente para me fazer tropeçar numa raiz grossa. Desesperada, me apresso em levantar. Continuo correndo o mais rápido que posso, mas é inútil. Vultos começam a passar em minha volta, e eu grito. O vulto corre na minha direção. De repente, a imagem muda. Agora é como se eu estivesse vendo a cena do   alto. Eu caída no chão, uma poça de sangue se espalhando á minha volta, manchando o vestido.
                  
                  Never sleep, never die, berrou a voz de Amy Lee em meu ouvido. Me sentei na cama, os fones caindo de meus ouvidos. Minhas unhas estavam cravadas na colcha, e eu com cuidado as soltei. Só um pesadelo, só isso disse a mim mesma algumas vezes. Caí de volta no travesseiro e olhei o mostrador de relógio: 07:20.  Ás onze tínhamos que estar em Seattle! Me arrumei voando e pulei do último andar da escada. Eu nunca faço isso quando sei que vovó está olhando. Ela não sabe sobre minha... Hum... Diferença genética.
                 Depois de comer uma barra de cereais, corri para pegar minha mala. Joguei-a para Amélia, que estava sentada em cima de sua mala na picape. Ela me ajudou a subir e eu me sentei em cima da minha mala. Logo em seguida vieram Amanda e Anita. Depois Samantha, Annette e por último Melanie. Conversamos o caminho todo, fingindo estarmos animadas com a volta para casa e o início das aulas.
                  Apesar de tudo o que havia acontecido, eu gostava de Forks, e ia sentir falta de lá. É um dos poucos lugares onde eu posso ser eu mesma, sem ficar o tempo inteiro preocupada que alguém percebesse como meus olhos mudam de cor ou que eu sou um pouco mais rápida que o normal. Em Forks eu posso sair na rua sem me preocupar em ficar mais de duas horas no sol (se eu fico mais de duas horas minha cabeça dói).
                    A única coisa ruim são as fãzinhas surtadas de Crepúsculo, que enchem a rua e ficam pedindo autógrafo de qualquer pessoa que seja ao menos um pouco pálida. Eu não tenho nada contra Crepúsculo, mas sendo o que sou, é uma quase uma ofensa os humanos acharem que eu saio por aí brilhando no sol e caçando coelhinhos. Mas uma coisa tenho que admitir, sangue de twilighter é bom.
                     Vovó nos levou até Port Angeles. De lá pegamos um pequeno avião para Seattle. E de Seattle pegamos outro avião para Auburn. Aproximadamente depois de três horas, estávamos em casa.

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